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Agricultores pedem apoio e prazo para quitar dívidas

O problema foi assunto na sessão de terça-feira, 7, na Câmara dos Vereadores de Canoinhas

CANOINHAS ? Cerca de 50 agricultores de Canoinhas e região, assistiram a sessão de terça-feira, 7, da Câmara dos Vereadores. O motivo foi o discurso do vereador Paulo Glinski (PFL) que defendeu a participação da Câmara na busca por subsídios e prolongamento de prazo para pagamento de empréstimos bancários e de agências de fomento, por parte de agricultores.

Em um discurso incisivo, Glinski criticou o Governo Federal, que, segundo ele, ?beneficia quem fica jogando truco na beira da estrada?, se referindo aos sem-terra. ?Para os sem-terra tem dinheiro, mas para quem tem um histórico de trabalho, não tem dinheiro?, criticou.

Glinski defendeu a elaboração de uma moção por parte dos vereadores, a ser encaminhada a Assembléia Legislativa, aos Governos Estadual e Federal, Senado e Câmara dos Deputados, interpelando por um apoio financeiro aos agricultores. ?Se a agricultura falir, não tem nenhum serviço básico para a nossa população?, enfatizou.

O vereador Silmar Golanovski (PMDB), sugeriu um abaixo assinado por parte dos agricultores pedindo prolongamento de prazo para pagamentos de financiamentos, e enfatizou, ?porque não atrelar a perda de produção ao preço do insumo?, se referindo ao prejuízo das lavouras na última safra, por conta da seca, que não foi compartilhado pelos fornecedores de insumo.

O presidente da Câmara dos Vereadores, Beto Faria (PMDB), endossou as palavras de Glinski e Golanovski.

 

SOLUÇÃO

 

O gerente do Banco do Brasil, Manoel Moratelli, estava na platéia durante a sessão e pediu quebra de protocolo para poder falar sobre a situação, já que o Banco do Brasil é uma das principais financiadoras agrícolas do País.

Moratelli disse que o prolongamento do prazo para se quitar dívidas dessa natureza já existe. Segundo ele, os agricultores que sofreram grandes perdas com a seca, podem prorrogar a dívida por mais dois anos. 50% da dívida pode ser quitada em 2006 e o restante em 2007. No entanto, se o agricultor produzir 20,3% além do previsto, esse percentual terá que ser entregue ao Banco para amortizar a dívida. ?O BB não tem tradição de executar ninguém?, enfatizou.

Moratelli convidou todos os agricultores presentes para discutir a situação de cada um. ?Cada caso é um caso, e analisaremos todos, com cuidado. Façam seus pedidos de refinanciamento?, interpelou.

O BB destinou, somente em 2004, R$ 30 milhões para Canoinhas em financiamento agrícola.

 

 

 

?Está difícil viver no campo?

 

CANOINHAS ? Rostos sofridos, olhos voltados para a tribuna, apreensão indisfarçável. Essa era a sensação que se tinha ao olhar para os mais de 50 agricultores que compareceram a sessão da Câmara dos Vereadores de Canoinhas na terça-feira, 7.

?Perdi, pelo menos, 50 por cento de minha produção com a seca?, revela Pedro Binot Neto, de Três Barras. Pedro é só um exemplo dentre muitos agricultores da região que sofrem as conseqüências da seca que assolou a região nos meses de fevereiro e março desse ano.

No caso de Pedro, que cultivava milho e soja, está difícil honrar o financiamento que fez junto ao Banco do Brasil. ?Sexta-feira (hoje) vence a primeira parcela. Com muito custo conseguirei pagar, mas quanto às outras parcelas, já não sei se conseguirei pagar.?, revela, contando que precisou vender maquinários, tirando o seu poder de trabalho, para quitar dívidas.

No entanto, Pedro ficou contente com o que ouviu do gerente do Banco do Brasil, Manoel Moratelli sobre o prolongamento do prazo para a quitação da dívida, mas tem dúvidas sobre um novo financiamento. ?Enquanto estiver devendo, receio que não me emprestem mais dinheiro para a próxima safra?, comenta.

Mas Pedro não desiste. Assim como muitos dos seus companheiros de trabalho, ele começa a preparar a terra para o plantio de trigo, em julho.

 

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